[Resenha] Isso que a gente chama de amor - Maurene Goo

4 de maio de 2021

Olá cariños!
Hoje vamos falar sobre uma história bem gostosinha e divertida que me prendeu bastante e tinha tudo pra ser maravilhosa, contudo despertou algumas ressalvas importantes. Eu tive a oportunidade de ler Isso que a gente chama de amor, bem antes do seu lançamento, mas após a leitura precisei de tempo para digerir e entender melhor a proposta da autora. Confesso que mesmo sendo apaixonada por YA's, sempre sinto um medinho de opinar sobre. Já estou chegando nos trinta e, teoricamente, não fazer mais parte do público alvo de tais narrativas, me dá um certo receio de ser rígida demais com situações que teria considerado perfeitamente plausíveis alguns anos atrás. A vida tem dessas, né? A gente cresce e muitas vezes aquela urgência adolescente deixa de fazer sentido. Mas depois de muito pensar a respeito, e de inclusive tentar justificar algumas questões, meu incômodo não diminuiu, eu diria até que foi o contrário. No final das contas eu aceitei, que mesmo esta sendo uma leitura que arrancou alguns sorrisos e que fluiu divinamente, também possui seus problemas, e tudo bem falar sobre eles. Dito isso, vamos ao que interessa.

Isso que a gente chama de amor (I Believe in a Thing Called Love)
Autor (a): Maurene Goo @maurenegoo
Publicação: Seguinte *ARC
ISBN: 9788555341328 | Skoob
Gênero: Romance
Ano: 2021
Páginas: 304
Minha avaliação: 3/5★
Desi nunca se deu bem no amor ― até decidir transformar a própria vida em uma novela coreana. Desi Lee acredita que tudo é possível, basta ter um plano. Foi assim, com método e disciplina, que se tornou a aluna mais brilhante do colégio e uma atleta talentosa. É apenas no amor que Desi nunca se dá bem, colecionando uma sucessão de desastres quando se trata de garotos. Depois de protagonizar mais um desastre na frente de Luca, um jovem recém-chegado à cidade que logo atrai seu interesse, a garota passa um fim de semana assistindo a k-dramas, certa de que os finais felizes só existem nas novelas coreanas que seu pai tanto ama. É aí que ela se dá conta de que naquelas histórias também existe uma fórmula, um passo a passo que ela poderia seguir ― e conquistar Luca. Em pouco tempo, sua vida se transforma em um enredo digno de um dorama. Mas ao contrário do que acontece na TV, isso pode não ser o suficiente para ela alcançar seu final feliz.
Apesar dos k-dramas terem explodido por aqui há um tempo considerável, a procrastinadora que existe em mim ainda não se permitiu assistir a nenhum, e por isso, andei fugindo de leituras que abordassem esse universo. Contudo, Isso que a gente chama de amor despertou meu interesse, não pela questão do dorama em si, mas porque essa jovem dedicada e perfeccionista me fez querer conhecê-la. Em meu primeiro contato com a escrita da Maurene Goo, encontrei uma trama cativante que me conquistou no ato, personagens carismáticos pelos quais é impossível não torcer e um enredo fofinho, ideal para passar o tempo. Em resumo, essa é uma daquelas histórias juvenis, sem muito apelo, baseadas em romance adolescente e com uma dose considerável de drama familiar. No entanto, apesar da leveza já descrita, confesso que certas atitudes da protagonista acenderam um alerta vermelho. Sempre pairando no limite entre o aceitável e o inadmissível, Desi pesou a mão em alguns momentos.

Perder a mãe ainda na infância, despertou em Desi uma enorme necessidade de controle, e desde então tudo em sua vida é perfeitamente calculado. Como resultado, ela se tornou uma aluna exemplar, uma excelente atleta e está a um passo de alcançar seu principal objetivo, cursar medicina em Stanford. Todavia, nem tudo na vida de Desi é perfeito como ela gostaria, ela possui um pai incrível e amigos maravilhosos, mas no que se refere ao romance... a garota é uma catástrofe. Decidida a fazer sua vida amorosa decolar, Desi investe todas as suas fichas em Luca, o garoto novo que mexe com todas as suas terminações nervosas. Desta vez, no entanto, ela não deixará que a aproximação com o crush dependa única e exclusivamente do acaso. Tendo em mente a receitinha que garante o final feliz dos casais dos K-dramas, Desi monta uma lista com o passo a passo que finalmente lhe permitirá viver um grande amor.

Como mencionei anteriormente, nunca assisti a nenhum dorama, então admito que não sei muito bem como são estruturados. Dei uma pesquisada a respeito e ao que parece são, quase sempre, repletos de muito drama e exageros, isso por si só explica um pouco do que encontramos nesse livro, mesmo assim não posso deixar de pontuar alguns incômodos que a leitura me causou. Mas vamos por partes. 

Logo de início é impossível não se divertir com as atrapalhadas da Desi, a garota é um completo desastre quando o assunto é relacionamento. Acompanhamos situações verdadeiramente constrangedoras, que deixariam qualquer pessoa com a cara no chão. E mesmo conhecendo o histórico da protagonista, tive muita esperança de que a situação com o Luca pudesse ser diferente, e tudo parecia conspirar pra isso, até que de repente lá está ela, no meio do corredor da escola com as calças arriadas, bem na frente do crush. Tem como não sentir uma dózinha? Felizmente, pra lidar com os micos recorrentes, ela conta com o apoio incondicional dos amigos, e possui uma relação extraordinária com o pai. Este último merece todo destaque possível, o pai da Desi é sensacional e as cenas dos dois juntos são muito fofas e divertidas. Inclusive, é devido a paixão do aba por k-dramas que Desi, consegue reunir um vasto material e criar sua infame lista de "passos do k-drama para o amor verdadeiro".

E é a partir daí que as coisas mudam de figura. Um passo a passo criado especificamente para se conquistar alguém, nem é a grande questão, acredita? No meu ponto de vista, é uma ideia idiota demais, principalmente pra uma jovem que está prestes a entrar na faculdade. Convenhamos que aos dezessete, qualquer ser humano deveria ter o mínimo de discernimento e senso do ridículo, né? Mas levando em conta a personalidade controladora da garota e o desespero que a assolou, decidi fingir que "tudo bem" ela criar e seguir cegamente esta bendita lista. Mas como ignorar que o método desenvolvido de forma meticulosa, após longas horas maratonando os mais diversos k-dramas, fosse baseado quase que totalmente em mentira, falsidade e imprudência? Tópicos como, se meter em um apuro que force vocês dois a ter um momento de intimidade e conexão, ter sua vida colocada em risco para que ele ou você perceba que o amor dos dois é verdadeiro e tomar medidas drásticas para encontrar seu final feliz, quando postos em prática, minaram toda a comicidade da narrativa. Isso porque, Desi na ânsia de seguir a risca o que ela acreditava ser a fórmula perfeita para se conseguir o amor, não se privou de arriscar sua própria vida e a do rapaz ao qual desejava conquistar, não apenas uma mas três vezes. Juro que eu fiquei de cara com o absurdo dessa situação. 

Isso que a gente chama de amor, é composto de altos e baixos. É divertido em vários momentos, mas chega a ser preocupante em outros tantos. Desi, é uma garota dedicada e possui um ciclo pessoal fácil de gostar, contudo, o plot principal nos leva por caminhos obscuros. Para viver o tão sonhado amor, ela muitas vezes abriu mão de sonhos importantes, do bom senso e até da sua personalidade. Posso estar sendo drástica, mas a protagonista me soou deveras infantil, correu riscos sérios e desnecessários e no final de tudo, enquanto eu esperava arrependimento e redenção, ela simplesmente potencializou tudo de errado que já havia feito cometendo um erro ainda mais grave. O fato dela não ter que, verdadeiramente, lidar com as consequências de seus atos, é outro ponto que me incomodou bastante. Pra completar o balaio, quando o assunto é imaturidade, Luca não fica muito atrás de Desi, principalmente no que diz respeito as suas relações familiares. E embora eu entenda que boa parte dos excessos dramáticos, sejam resultado óbvio do K-drama, não consigo achar normal, todo esse circo criado pra uma garota (nem tão garota assim) desajuizada, conquistar um carinha que ela (mal) conhece a pouquíssimos dias. Em contrapartida, apesar das questões mencionadas, Maurene possui uma escrita que te obriga a devorar toda a história.

14 comentários

  1. Eu acho essa capa linda porque amo capas coloridas, mas não sei se a leitura me agradaria em função da imaturidade da protagonista. Sua resenha me deixou curiosa e apreensiva ao mesmo tempo.
    Beijos

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    1. Te entendo perfeitamente, inclusive também sou completamente apaixonada por essa capa magnífica, mas a imaturidade da protagonista é algo impossível de passar despercebido rs. Tenta pegar de forma despretensiosa, de repente você acaba se surpreendendo com a experiência.

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  2. Oi oi querida,
    eu nunca poderia imaginar que um livro com uma capa tão fofa, pode conter um enredo tão intenso e delicado ao mesmo tempo. A sua resenha foi muito bem escrita, que além de ressaltar os pontos positivos, também mencionou como o plot faz a diferença antes, durante e depois de terminar a obra.
    Não conhecia a obra, mas fiquei realmente muito encantada e pretendo um dia ler.

    Beijoss, Enjoy Books

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    1. Obrigada Alice, fico feliz que tenha gostado. Realmente, não dá pra imaginar a gama de elementos que se escondem por trás dessa capa fofa. Torço para que consiga lê-lo em breve.

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  3. Oi Delmara!!

    Mesmo nunca tendo lido nada da Maurene eu admiro demais o trabalho dela de representar pessoas amarelas, é algo que eu vejo pouco na literatura, principalmente em YA. Eu não conheço muito da cultura e acho que não li por medo de ficar perdida e não entender algumas coisas, mas tenho muita curiosidade!
    Adorei saber sua opinião sobre o livro <3

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    1. Verdade, também não vejo muito desse tipo de representatividade por ai. Sem dúvidas as histórias da Goo vieram pra somar nesse quesito, ela trabalha com uma riqueza de informações que dá gosto de ler. Não precisa ter receio, a leitura é extremamente simples e autodidata.

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  4. Oiie!!! Vi uma resenha desse livros em outro blog esses dias e a pessoa falou muito bem dele e vc tbm falou, gostei de saber desse plot que faz diferença na historia, eu ja tinha me interessado qdo vi a primeira resenha e agora com a sua fez aumentar a curiosidade então, se tiver a oportunidade não vou deixar passar não.
    https://quemevcbrubs.blogspot.com/

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    1. Opa, que bom que a história te interessou Bruna. Torço para que tenha uma ótima experiência com essa história quando chegar a hora.

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  5. Oi Delmara.

    Eu acho a capa deste livro muito bonita, mas vou ser bem sincera eu nunca assisti nenhum dorama e não sei praticamente nada de K-dramas, por isso não procurei adquirir este livro. Mas gostei de saber sobre a história através da sua opinião. Eu gosto de histórias que tem altos e baixos e tendo informação que é um livro divertido, vou dar uma chance. Vou adicionar na lista de desejado.

    Bjos
    https://consumidoradehistorias.blogspot.com/

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  6. Oi Delmara!
    Adoro K-dramas, por sua várias facetas em deixar meu emocional aguçado, entre risadas, tristeza momentâneas e muitas cenas dramáticas kkk. Não conhecia esse livro ainda mas estou intrigada com a trama. Obrigado pela dica, parabéns pela resenha, bjs!

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  7. Olá, tudo bem? Eu li esse livro e adorei ele. Talvez o fato de estar inserida no meio da cultura coreana, do kpop e dos k-dramas nada no quesito "maluquice" me surpreendeu ou saiu fora do que poderia esperar. Como você falou, o mundo dos k-dramas é assim, logo, um enredo que seja baseado nele, obviamente traria elementos semelhantes. Vou te falar que 17 anos fazendo isso, na cultura coreana, é até cedo demais. É bem comum vermos algo do estilo com mulheres de até 30 anos tendo esse comportamento, quiçá até mais. Um ponto válido a ser mencionado é que o comportamento social oriental, na qual a Marina provavelmente também se baseou, também é aberto para esses tipos de coisas. Com certeza vá soar estranho, imaturo, infantil e mirabolante para quem nunca teve contato com esse universo. Mas, pra quem teve, com certeza será fácil associar tudo. Entendo demais o que quis dizer com sua opinião acerca da obra, e acho válido todas as perspectivas de leitura. Uma pena não ter funcionado.
    Beijos

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  8. Oi, tudo bem? Assim como você eu também nunca assisti um dorama, mas sempre vejo tantas pessoas comentando sobre que é impossível não querer se aventurar por esse universo. Quando li a sinopse fiquei bem curiosa além de ter gostado muito da edição. Todo esse colorido nos dá uma ideia da dinâmica da história. Ser controladora em relação à própria vida talvez não seja de todo mal. No entanto, quando abrimos mão de quem somos de verdade para conseguir o que queremos ou por outras pessoas, é preciso analisar se realmente vale a pena. Concorda? Um abraço, Érika =^.^=

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  9. Oi Delmara, tudo bem?
    Eu terminei de ler essa resenha com a melhor cara de: eu não acredito no que eu acabei de testemunhar porque olha, não sei se amo ou odeio esse livro depois de conhecer uma protagonista dessas. Ok, como a Ana Caroline disse acima, que isso acontece em k-dramas, só que a vida real não é bem assim e esse tipo de falta de discernimento pode prejudicar demais uma pessoa.
    Se bem que, considerando a situação do nosso país, talvez, ênfase nisso, esse livro não seja tão impossível de imaginar na realidade, --".
    Com sinceridade, eu nunca vi
    Um beijo de fogo e gelo da Lady Trotsky...
    http://wwww.osvampirosportenhos.com.br

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  10. Oi, Del! Tudo bem?
    Eu não li esse livro ainda e confesso que já não estava muito animada. Comecei a ler outro livro da autora que saiu pela Seguinte também e detestei a escrita dela, não cheguei nem na metade do livro. Agora lendo as suas ressalvas eu tenho certeza que esse livro não funcionaria para mim. Eu detesto drama demais e concordo que tem determinadas situações que não dá para gente fingir que está tudo bem e passar por cima. As coisas que a protagonista faz são realmente inaceitáveis e demonstram, no mínimo, muita falta de maturidade.
    De qualquer forma, lamento que você tenha tido essas ressalvas com a leitura, mas amei ler sua resenha e gostei muito de saber sua opinião.
    Beijos!

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