[Resenha] História de um grande amor - Julia Quinn

2 de abril de 2020

Olá meus caros!
Finalmente consegui encontrar o caminho de volta. Não sei se vocês notaram (espero que sim), mas andei sumida nos últimos meses. Vivi dias nebulosos e desanimadores que me impediram de dar a devida atenção a este espaço que tanto amo, estava me sentindo exausta e esmorecida, e por isso me dei um tempo. Acontece que, depois de um afastamento tão longo como este, não é fácil voltar, me programei inúmeras vezes, fiz cronogramas e marquei datas que nunca cumpri, mas um belo dia a gente entende que os planos não saem sozinhos do papel, é preciso levantar, sacudir o comodismo e simplesmente fazer. Então eis-me aqui, ainda insegura e levemente desanimada mas cheia de boa vontade e determinação. Juro que o medo de estar enferrujada e de não conseguir entregar um bom texto me corrói a cada palavra digitada, mesmo assim me comprometo a ser o melhor que eu posso neste momento e como sempre trazer uma análise honesta do que senti lendo esta história. Esta é a minha leitura mais recente, um romance de época clichê que poderia ter me feito suspirar, mas ao invés disso, me frustrou enormemente.

História de um grande amor (The Secret Diaries of Miss Miranda Cheever)
ColeçãoTrilogia Bevelstoke #01
Autor (a): Julia Quinn @JuQuinn
Publicação: Arqueiro
ISBN: 9788530601089 | Skoob
Gênero: Romance
Ano: 2020
Páginas: 288
Minha avaliação: 2/5★
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Aos 10 anos, Miranda Cheever já dava sinais claros de que não seria nenhuma bela dama. E já nessa idade, aprendeu a aceitar o destino de solteirona que a sociedade lhe reservava. Até que, numa tarde qualquer, Nigel Bevelstoke, o belo e atraente visconde de Turner, beijou solenemente sua mãozinha e lhe prometeu que, quando ela crescesse, seria tão bonita quanto já era inteligente. Nesse momento, Miranda não só se apaixonou, como teve certeza de que amaria aquele homem para sempre. Os anos que se seguiram foram implacáveis com Nigel e generosos com Miranda. Ela se tornou a mulher linda e interessante que o visconde previu naquela tarde memorável, enquanto ele virou um homem solitário e amargo, como consequência de um acontecimento devastador. Mas Miranda nunca esqueceu a verdade que anotou em seu diário tantos anos antes. E agora ela fará de tudo para salvar Nigel da pessoa que ele se tornou e impedir que seu grande amor lhe escape por entre os dedos.
Nesse período de afastamento acumulei inúmeras leituras que gostaria de compartilhar com vocês, umas ótimas e outras nem tanto, e apesar de ter pensado e repensado várias vezes qual resenhar primeiro aqui, admito que não houve qualquer critério na escolha desta, além do simples fato de ser a minha leitura mais recente. Eu definitivamente estava preparada para me apaixonar por mais uma trama da Júlia Quinn, quem acompanha o blog há algum tempo, sabe o quanto as obras dessa autora costumavam aquecer meu coração, contudo estive longe de suas histórias por tempo suficiente para quebrar o vínculo autor/leitor que nos unia, e eu mal me dei conta disso até ler este livro. Embora saiba que coisas do tipo acontecem todos os dias, jamais esperei não amar incondicionalmente um romance dessa autora, mas aconteceu e mesmo minha opinião geral indo contra a da maioria, não nego que a escrita da Júlia Quinn é maravilhosa o bastante para nos manter presos mesmo quando o enredo não agrada tanto.

Já na infância Miranda Cheever entendeu e aceitou o que o destino lhe reservava. Ela não era a mais bela, nem possuía os melhores atributos, sendo assim, era consenso geral que talvez ela nunca chegasse a ser desposada. Mas nem mesmo esta constatação impediu a menina de ter seu coração arrebatado, bastaram alguns minutos de atenção e umas poucas palavras para que Nigel Bevelstoke conquistasse a afeição incondicional de Miranda. Passaram-se longos anos até que a jovem pudesse ter uma chance de lutar pelo sentimento que nutriu sozinha durante tempo demais, porém o homem por quem se apaixonou não parecia estar mais lá, em seu lugar havia alguém ferido e atormentado que não estava disposto a deixar ninguém se aproximar. Miranda acreditava que seu amor seria capaz de curar as feridas e restaurar o que havia se quebrado e estava disposta a lutar por isso. Nigel, no entanto, não tinha a menor intenção de se deixar envolver por quem quer seja, seu coração estava destruído e ele mergulhado em amargura. Seria o amor e a determinação de uma jovem mais poderosos que a dor e o ressentimento que alimentam esta barreira intransponível?

Posso dizer com tranquilidade que inicialmente Miranda é o grande destaque desta trama, uma personagem inteligente, aparentemente lúcida e firme, que desde a infância evidencia estar a frente de seu tempo, uma criança que não se encaixa nos padrões da época e se torna uma mulher admirável, contudo esta heroína astuta tem um ponto fraco, que acabou por se tornar sua desgraça, o amor unilateral que ela nutre por Turner, a anula e descaracteriza capítulo após capítulo e isso foi bem triste de se acompanhar.

Diferente do que imaginei a princípio, Miranda não se despiu de futilidade simplesmente porque se rebelou contra as imposições sociais, na verdade ela apenas é o resultado de uma mente resignada, uma jovem que sempre soube que não seria adorada e/ou cortejada por todos os cavalheiros, que se conformou em viver boa parte de sua vida há sombra de outrem, alimentando ilusões infundadas. Sendo assim, ela trata sua situação com um humor quase indiferente, parece não se importar muito com suas poucas possibilidades, todavia não precisamos ir muito além da superfície pra perceber o quanto ela é vulnerável e anseia por ser vista e querida. Ter a altiva Olivia como melhor amiga, fez Miranda acompanhar de perto tudo o que ela jamais se julgou capaz de ser ou conquistar, e isto  a tornou ainda mais convicta de sua pequenez, só isso, a meu ver, justifica a forma com a qual ela se apegou à pequena migalha de afeto que Turner lhe lançou, e como consequência, fez disso algo muito maior do que realmente era, alimentando um sentimento que o lorde jamais foi digno e se submetendo a circunstâncias as quais ela não merecia.

Em suma, História de um grande amor retrata personagens que prometem mas não cumprem, Miranda está longe de ser forte e determinada, pelo menos não quando o assunto é o Nigel, que tão pouco trata-se apenas de um homem ferido e amargurado. Ambos personagens possuem camadas rasas o suficiente para serem vistas facilmente. Enquanto ela se mostra indiferente ao fato de ter uma existência fora dos padrões, nutre em seu interior o desejo de se encaixar e brilhar tanto quanto qualquer outra. E ele, por mais que tenha razões de sobra para estar infeliz, em mais de um momento deixou claro que boa parte de suas atitudes são regidas pela vaidade ferida, um lorde bem nascido, rico e belo, que foi enganado e traído das formas mais humilhantes possíveis. O jeito que ele lida com isso, é infantil e egoísta e anulou qualquer simpatia que eu poderia nutrir por ele. No final das contas, não consegui torcer para este casal, ela merecia o amor que buscou com tanta sede e ele demorou tanto para demonstrar (mesmo para nós leitores), que não consegui me convencer de que o sentimento de fato existe. O enredo que ocorre sem grandes reviravoltas nos leva a um final previsível que tinha tudo pra ser comovente e apaixonante, caso eu não estivesse torcendo ferrenhamente pelo oposto. 

6 comentários

  1. Adoro os livros da Julia mas ainda não li esse. É uma pena não ter suprido as expectativas.
    Adorei sua resenha e todos os pontos descritos, seja sobre os personagens em si como sobre as sensações sobre a leitura.
    Ah, e bem vinda de volta. Estou no mesmo barco, anos sumida e voltando a cada oportunidade pois vi que isso só depende da nossa vontade.

    https://www.amorpelaspaginas.com/

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  2. Oii Delmara ^^
    Sinto muito que tenha passado por momentos ruins, torço para que esteja melhor <3 Eu também tenho tentado ler mais nesse tempo de isolamento - 29 dias e contando -, mas também enferrujei...hehe' Amo os livros da Julia Quinn, mas acho que ainda não conhecia este. Fiquei levemente decepcionada ao saber que as personagens não são uns Bridgertons da vida, e que agem de maneira infantil e egoísta :/ Uma pena, pois a gente sempre acaba esperando muito das obras dela, por já termos lido várias incríveis, né?
    MilkMilks ♥
    https://www.wattpad.com/279710546-quando-voc%C3%AA-me-encontrou-cap%C3%ADtulo-1

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  3. Lamento pelos momentos que você passou. Essa quarentena tem feito muito mal para muita gente, seja física ou emocionalmente. É angustiante estarmos passando por toda essa situação.

    Julia Quinn é uma das minhas autoras preferidas e com certeza lerei este livro. Mas sinto muito por você ter se decepcionado tanto com a história, é horrível quando criamos expectativas e acabamos por não apreciarmos uma história, sobretudo quando é de uma autora da qual gostamos tanto.

    Acredito que vou compreender a resignação da mocinha que você menciona e o fato de ela se apegar tanto ao que sentia pelo mocinho. Acho que vou sim gostar muito dela e entendê-la. Quanto ao mocinho, se ele tem tantos motivos para ser amargurado, se sofreu tanto, é possível que eu me apegue muito a ele. Mas... Só lendo é que saberei.rs Pode acontecer de eu me decepcionar tanto quanto você.

    Bjs!

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  4. Oi, tudo bem? Esse lançamento da Arqueiro é simplesmente incrível. Fiquei completamente apaixonada por essa edição. Aliás, optar por ilustração na capa foi uma ideia bem criativa. Quanto ao enredo a autora sempre nos fazendo nos apaixonar por seus personagens. Quanto ao isolamento acredito que cada pessoa tem uma forma peculiar de viver isso, no final todos aprenderemos algo e seremos mais maduros. Um abraço, Érika =^.^=

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  5. Oie, tudo bem/ Eu ouço tanto falarem dos livros dela, mas eu nunca li nada. Um pouco por conta de não ser meu gênero preferido, eu amo a ambientação, mas n gosto de romance, e outra por serem séries longas. lendo sua resenha também não me empolguei por ele, mas como é uma trilogia, talvez sua percapção da história mude com os outros livros. Torço por isso.

    ;)
    Nelmaliana Oliveira
    Profissão: Leitora

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  6. Achei esse primeiro realmente bem ruinzinho, n consegui torcer pelo casal nem tive aquele fator "suspirar" q esperamos dos livros dela. Porém, o resto da trilogia é bem divertido e espirituoso, e mais movimentado que esse primeiro, o segundo é especialmente engraçado.

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