Hoje vamos falar sobre uma das minhas últimas leituras, um triller sombrio que mexeu muito comigo. A filha do Rei do Pântano foi publicado ano passado pela TAG inéditos, e esse ano ganhou uma nova edição pela Verus editora. Apesar de sua disponibilidade prévia, só agora eu tive meu primeiro contato com o livro, diante disto, eu definitivamente iniciei essa leitura as cegas, e confesso que não esperava muito dessa história, claro que tendo em mente as informações disponíveis da sinopse, me preparei para sentir um certo incômodo com o desenrolar da trama, mas o que encontrei aqui vai muito além disso. Karen Dionne, descreve um cenário revoltante e desolador, e nos apresenta á um homem sádico, cruel e assustadoramente perigoso que usa e abusa do seu poder de manipulação. Em contra partida a autora nos faz enxergar através dos olhos de uma das suas principais vítimas. O resultado disso, é uma miríade incomensurável de sentimentos, sensações e interpretações.
A Filha do Rei do Pântano (The Marsh King's Daughter)
Autor (a): Karen Dionne @KarenDionne
Publicação: Verus *Cortesia
ISBN: 9788576867791 | Skoob
Gênero: Suspense
Ano: 2019
Páginas: 266
Minha avaliação: 4/5★
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Helena Pelletier tem um marido amoroso, duas filhas lindas e um negócio que preenche seus dias. Mas ela também tem um segredo: é fruto de um sequestro. Sua mãe foi raptada quando adolescente por seu pai e mantida em uma cabana nos pântanos do Michigan. Nascida dois anos depois do sequestro, Helena amava sua casa na natureza e, apesar do comportamento às vezes brutal do pai, ela o amava também... Até perceber o quão selvagem ele poderia ser. Vinte anos depois, ela já enterrou seu passado tão profundamente que até o marido não sabe a verdade. Mas agora seu pai matou dois guardas, escapou da prisão e desapareceu. A polícia começa uma caçada, e Helena sabe que não irão descobrir nada, pois apenas uma pessoa, treinada por ele mesmo, tem as habilidades para encontrar o sobrevivente que o mundo chama de Rei do Pântano. E essa pessoa, claro, é Helena.
Eu definitivamente não esperava ser arrebatada por esta trama. A princípio considerei a proposta perturbadora porém interessante, mas conforme a narrativa avançava me vi embolada em um sem número de impressões que mudavam rapidamente a cada novo capítulo. Uma adolescente sequestrada e mantida cativa em uma cabana num pântano durante doze anos, é o tipo de situação que deixa qualquer um revoltado, e comigo não foi diferente. Mesmo nesta história onde não temos o ponto de vista da vítima, é possível ter uma noção clara do cenário pavoroso ao qual ela foi submetida. No entanto, eu estava ansiosa para ver através dos olhos de Helena. Como uma criança, fruto de uma "união" forçada, se desenvolve em um ambiente isolado, tendo ao seu lado apenas um abusador e sua vítima? E se me permitem ser honesta, Helena me alarmou de diversas formas durante toda a leitura.
Helena cresceu em uma cabana em meio ao pântano, tendo como companhia apenas seus pais. Jacob, lhe ensinou tudo o que uma criança nativo americana deve saber para sobreviver longe da civilização. Ele costumava ser o herói de Helena, ela só não sabia que seu pai estava longe de corresponder suas expectativas. A garotinha, não fazia ideia que seu pai era na verdade um sádico que sequestrou sua mãe e a manteve cativa e aterrorizada durante anos. Quando a verdade vem a tona, a menina se obriga a abandonar tudo o que conhece e finalmente descobrir um mundo além do pântano. Quinze anos depois, Helena acredita ter deixado para trás sua infância atípica e toda a repercussão que ser a filha do rei do pântano lhe proporcionou. Casada e mãe de duas filhas, leva uma vida relativamente comum, mas quando seu pai foge da prisão deixando um rastro de mortes que levam diretamente a ela, Helena vê seu passado aterrador retornar para lhe assombrar, ameaçando tudo o que construiu. Decidida a manter sua família segura, Helena se lança em uma caçada calculada, onde usará todas as suas habilidades e não poupará esforços para capturar o Rei do Pântano, seu próprio pai.
A mãe de Helena, pouco tinha a oferecer a filha, uma jovem inexperiente e oprimida que sequer tinha forças para suportar os abusos dos quais era vítima, não conseguiu ser para a garota a figura materna que ela precisava, o que possibilitou ao pai, um homem cruel e controlador moldar a menina segundo seu desejo. E Jacob se esmerou na educação deturpada que dedicou a filha. A menina aprendeu tudo o que foi possível sobre a vida no pântano, caçar era para ela muito mais que uma necessidade, era uma diversão, uma espécie de jogo entre pai e filha. Helena sabia melhor que muito homem adulto, quando atirar em uma caça e o que fazer para aproveitar ao máximo possível as provisões que ela lhe proporcionaria, tinha plena consciência do que esperar da fauna e da flora, e com sua mente aguçada mais de uma vez superou seu pai em seus próprios desafios. Os ensinamentos de Jacob despertavam em Helena uma euforia que ela não desejava conter, para ela o pai era sinônimo de conhecimento e liberdade, enquanto a mãe representava a inércia. O desprezo que garota passou a nutrir pela matriarca por si só já é bem difícil de digerir, e a forma natural com a qual ele surgiu acentua ainda mais o enorme incômodo que se abateu sobre mim.
A influência que Jacob exerce sobre a filha é algo tão enraizado que mesmo depois de tantos anos, Helena ainda se mostra saudosa a vida que levava no pântano. Ela tem plena consciência das atrocidades cometidas pelo homem, possui uma vida estável e tranquila, e mesmo assim sua ligação com o passado parece inquebrável. Ouso dizer que este apego, embora ela negue, é alimentado incansavelmente por ela própria. Talvez devido a necessidade de conservar a adoração ignorante que ela sempre nutriu pelo pai. Mesmo quando demonstra uma sutil solidariedade por todo o mal que foi infligido a mãe, Helena não se priva de tentar justificar e por vezes atenuar as barbaridades realizadas pelo pai. Como a história é contada em primeira pessoa, apenas do ponto de vista de Helena, uma série de informações se perde pelo caminho, e só nos resta vislumbrar as suposições pouco embasadas que a filha de um homem cruel faz de suas ações, e se quer saber, a jovem faz uma análise tendenciosa e preocupante que me fez questionar seu caráter e suas inclinações.
A filha do rei do pântano, é perturbador. Uma trama pouco dinâmica, narrada em dois tempos (passado e presente), que nos permite conhecer a fundo a filha de um sádico. Helena teve uma infância incomum, e isso teve uma influência gigantesca em sua formação pessoal e social. Suas preferências, estão intimamente ligadas a uma rotina que lhe foi imposta quando ainda vivia no pântano. Além disso, ela precisa lidar com o enorme conflito que é ter que odiar o homem que ela mais amou na vida. Apesar deste não ser um triller aterrorizante, aborda algumas questões psicológicas e apresenta de forma crua e evidente cenas difíceis de digerir. Karen Dionne, trás uma escrita descritiva que facilita o processo de imersão do leitor, o que torna possível nos sentirmos parte do cenário pantanoso, dessa forma a claustrofobia de se estar cativo em situações tão precárias, se torna quase palpável. Apesar disso, não nego que em alguns momentos o excesso de informações se torna massante e pouco atraente. O desfecho de tirar o fôlego, trás dinâmica suficiente para compensar a inércia que domina a maior parte do enredo. De modo geral, trata-se de uma história bem elaborada que vale a leitura.
Helena cresceu em uma cabana em meio ao pântano, tendo como companhia apenas seus pais. Jacob, lhe ensinou tudo o que uma criança nativo americana deve saber para sobreviver longe da civilização. Ele costumava ser o herói de Helena, ela só não sabia que seu pai estava longe de corresponder suas expectativas. A garotinha, não fazia ideia que seu pai era na verdade um sádico que sequestrou sua mãe e a manteve cativa e aterrorizada durante anos. Quando a verdade vem a tona, a menina se obriga a abandonar tudo o que conhece e finalmente descobrir um mundo além do pântano. Quinze anos depois, Helena acredita ter deixado para trás sua infância atípica e toda a repercussão que ser a filha do rei do pântano lhe proporcionou. Casada e mãe de duas filhas, leva uma vida relativamente comum, mas quando seu pai foge da prisão deixando um rastro de mortes que levam diretamente a ela, Helena vê seu passado aterrador retornar para lhe assombrar, ameaçando tudo o que construiu. Decidida a manter sua família segura, Helena se lança em uma caçada calculada, onde usará todas as suas habilidades e não poupará esforços para capturar o Rei do Pântano, seu próprio pai.
A mãe de Helena, pouco tinha a oferecer a filha, uma jovem inexperiente e oprimida que sequer tinha forças para suportar os abusos dos quais era vítima, não conseguiu ser para a garota a figura materna que ela precisava, o que possibilitou ao pai, um homem cruel e controlador moldar a menina segundo seu desejo. E Jacob se esmerou na educação deturpada que dedicou a filha. A menina aprendeu tudo o que foi possível sobre a vida no pântano, caçar era para ela muito mais que uma necessidade, era uma diversão, uma espécie de jogo entre pai e filha. Helena sabia melhor que muito homem adulto, quando atirar em uma caça e o que fazer para aproveitar ao máximo possível as provisões que ela lhe proporcionaria, tinha plena consciência do que esperar da fauna e da flora, e com sua mente aguçada mais de uma vez superou seu pai em seus próprios desafios. Os ensinamentos de Jacob despertavam em Helena uma euforia que ela não desejava conter, para ela o pai era sinônimo de conhecimento e liberdade, enquanto a mãe representava a inércia. O desprezo que garota passou a nutrir pela matriarca por si só já é bem difícil de digerir, e a forma natural com a qual ele surgiu acentua ainda mais o enorme incômodo que se abateu sobre mim.
A influência que Jacob exerce sobre a filha é algo tão enraizado que mesmo depois de tantos anos, Helena ainda se mostra saudosa a vida que levava no pântano. Ela tem plena consciência das atrocidades cometidas pelo homem, possui uma vida estável e tranquila, e mesmo assim sua ligação com o passado parece inquebrável. Ouso dizer que este apego, embora ela negue, é alimentado incansavelmente por ela própria. Talvez devido a necessidade de conservar a adoração ignorante que ela sempre nutriu pelo pai. Mesmo quando demonstra uma sutil solidariedade por todo o mal que foi infligido a mãe, Helena não se priva de tentar justificar e por vezes atenuar as barbaridades realizadas pelo pai. Como a história é contada em primeira pessoa, apenas do ponto de vista de Helena, uma série de informações se perde pelo caminho, e só nos resta vislumbrar as suposições pouco embasadas que a filha de um homem cruel faz de suas ações, e se quer saber, a jovem faz uma análise tendenciosa e preocupante que me fez questionar seu caráter e suas inclinações.
A filha do rei do pântano, é perturbador. Uma trama pouco dinâmica, narrada em dois tempos (passado e presente), que nos permite conhecer a fundo a filha de um sádico. Helena teve uma infância incomum, e isso teve uma influência gigantesca em sua formação pessoal e social. Suas preferências, estão intimamente ligadas a uma rotina que lhe foi imposta quando ainda vivia no pântano. Além disso, ela precisa lidar com o enorme conflito que é ter que odiar o homem que ela mais amou na vida. Apesar deste não ser um triller aterrorizante, aborda algumas questões psicológicas e apresenta de forma crua e evidente cenas difíceis de digerir. Karen Dionne, trás uma escrita descritiva que facilita o processo de imersão do leitor, o que torna possível nos sentirmos parte do cenário pantanoso, dessa forma a claustrofobia de se estar cativo em situações tão precárias, se torna quase palpável. Apesar disso, não nego que em alguns momentos o excesso de informações se torna massante e pouco atraente. O desfecho de tirar o fôlego, trás dinâmica suficiente para compensar a inércia que domina a maior parte do enredo. De modo geral, trata-se de uma história bem elaborada que vale a leitura.
Esse é um enredo absurdamente diferente para mim, sequestro dessa forma tão animalesca. Gosto da ideia de ser passado e presente para que o leitor possa se aprofundar no personagem, outro ponto importante é o amor e ódio da personagem com o pai, gente, acho que preciso me jogar nesse livro...
ResponderExcluirOlá, tudo bem? Não conhecia esse livro, mas, caramba, acho que não existe palavra para definir melhor o que esse livro parece ser do que "perturbador". Fiquei bem curiosa para ler a obra, mas acho que preciso me preparar psicologicamente antes, haha.
ResponderExcluirBeijos,
Duas Livreiras
Olá!
ResponderExcluirApesar de ter gostado da história do livro, eu acho que funcionaria mais para mim se fosse um filme. Essa é uma trama que com certeza prenderia minha atenção nos cinemas.
Agora fico com um pé meio atrás em relação a realizar a leitura, o livro me pareceu que irá ficar só nessa de filha x pai e nada mais. Mas só terei como saber realizando a leitura do livro rs
Sua resenha está ótima, apresentou os detalhes do livro sem deixar que a resenha se tornasse uma leitura tediosa, parabéns!
www.pactoliterario.blogspot.com.br
Oi, Del.
ResponderExcluirEu adoro esse tipo de trama meio doentia e já anotei aqui a dica para procurar por esse livro. Gosto quando os thrillers exploram mais o lado psicológico do que o terror em si!
Já leu o A Garota Desaparecida, da autora Lisa Gardner?! Lembrei dele na hora quando li a sua resenha!
Beijos
Camis - blog Leitora Compulsiva
Pela sua resenha, a conclusão me faz pensar o mesmo da obra: perturbadora. Achonque é um enredo que pode me deixar bem desconfortável, mas que fiquei curiosa para ler.
ResponderExcluirBeijod
Olá...
ResponderExcluirAdorei a sua resenha!
Sempre esbarro com esse livro por aí, mas, ainda não tinha lido nenhuma resenha sobre. Pelos seus comentários parece ser uma leitura bem intensa e perturbadora... Fiquei com vontade de ler, porém, acho que não leria nesse momento agora, pois, estou dando espaço para leituras mais leves <3
Bjo
http://coisasdediane.blogspot.com/
Eu vi algumas pessoas falando muito bem sobre esse livro, mas confesso que a descrição da trama não me atrai nem um pouco. Tento ao máximo fugir de coisas perturbadoras e foi exatamente assim que você descreveu o livro, então dessa vez eu vou passar a dica.
ResponderExcluirOlá, tudo bem?
ResponderExcluirEu tive o prazer de receber esse livro do Grupo Editorial Record e me amarrei na narrativa e enredo. Concordo contigo quando você fala que o livro é perturbador, de fato é em vários momentos. Outro aspecto é a narrativa oscilando entre passado e presente, eu já gosto quando isso acontece. Parabéns pela resenha!
ABraço!
Oii, tudo bem?
ResponderExcluirEu sou apaixonada por livros de suspense e pelo que eu li da sua resenha esse é um daqueles que tem uma historia pesada e nos deixam tensa do inicio ao fim. Estou bastante curiosa para ver como foi a infancia da protagonista e como vai ser o desfecho da historia.
Imagino que essa história seja realmente muito perturbadora, até porque a trama consegue trazer ao leitor as atrocidades descritas, trazendo um turbilhão de emoções ruins. Gostei muito da premissa da história e curiosa ao mesmo tempo, porém não sei se será uma leitura que vai me envolver, mais pretendo futuramente dar uma chance.
ResponderExcluirOlá, tudo bom?
ResponderExcluirMe identifiquei demais com a sua resenha! Quando comecei a ler este livro, fui sem esperar muito (como você, sabia que seria uma leitura incômoda), mas foi começar a ler para me ver fisgada por essa trama e instigada a saber mais sobre o passado dos personagens e seus próximos passos.
Ver esse pai sádico brincando novamente com os sentimentos de uma das suas principais vítimas foi angustiante, mas muito instigante também.
Adorei sua resenha!
Beijos!
Nossa! Eu sou apaixonada por thrillers, mas não sei se eu teria estômago para esse tipo de história. Imagino o quanto é perturbador ler um livro e perceber que a influência de um abusador conseguiu atingir de maneira tão forte o caráter da protagonista e distorcer os seus sentimentos. É muito complicada a situação da Helena, fico imaginando como deve ter sido crescer sob o controle desse pai, não conseguindo evitar amá-lo, pois era a única pessoa que ela tinha (pois a mãe estava muito traumatizada e não teve condições de desempenhar um papel de mãe para ela, que tanto necessitava), então amá-lo foi natural. É muito difícil se libertar de influências da infância, de um amor tão grande que imagino que ela sentia. Não sei se consigo culpá-la por tentar justificar as atitudes dele. Ela é resultado da criação que teve, sem dúvidas. Só espero que em algum momento ela consiga se libertar e não cometer crimes como os do pai.
ResponderExcluirOi, Delmara! Livro assustador! Uma história com teor psicológico de dar nó. Imagino como a autora desenvolveu os sentimentos da protagonista, além de toda a história como um todo. Parece muito bom!
ResponderExcluirBjos
Lucy - Por essas páginas
Oi Delmara!
ResponderExcluirGanhei esse livro de amigo secreto final do ano!
Gosto muito de trillers dramáticos que nos fazem refletir no que é certo ou errado independente das circunstâncias. Esse parece ser aquele que prende e o enredo nós leva a imaginar a situação. Parabéns pela resenha, estou aqui pensando em passar esse livro na frente porque a curiosidade é muita kkk, obrigado pela dica, bjs!
Fiquei curiosa pra conferir esse livro, mas com um pé atrás porque você disse que o enredo é um pouco massante. Enredos massantes, bem, me fazem na maioria das vezes abandonar a leitura. Essa é uma dica de leitura que teria que estar num dia bem paciente para seguí-la.
ResponderExcluirOie amore,
ResponderExcluirNão conhecia o livro e a capa não me interessou muito não.
Apesar de sua resenha estar impecável, não me atrai em nada pela história.
Essa coisa de sequestro me incomoda e não me atrai de verdade.
Beijokas!
www.facedeumacapa.com.br
Não fala detalhes da mãe e nem de como ela fugiu e tudo mais?
ResponderExcluirSim, embora o foco central esteja sobre o pai e a filha, existem mais informações sobre a mãe. E a fuga é bem detalhadinha na história.
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