[Resenha] A garota perfeita - Mary Kubica

16 de setembro de 2016

Oieee!
Preparado (a) para mais um triller psicológico? Então chega mais porque hoje é dia de A garota perfeita, uma leitura super comentada que adiei por tempo demais, mas como diz aquele ditado, "antes tarde do que nunca", não é mesmo? Um livro capaz de despertar no leitor não apenas os sentimentos contraditórios que os demais livros do gênero,mas que guarda em suas páginas algo mais. Quer ir além do que acreditamos ser certo ou errado? Ler através das pessoas e de suas ações? Descobrir o quão poderosas algumas motivações podem ser? E por fim, quer se envolver em uma trama que pode facilmente funcionar como um jogo de ilusão? Se a resposta para essas perguntas for sim, você está no lugar certo. Mas se por acaso respondeu não, para alguma ou todas elas, se aproxime e me deixe convencê-lo do contrário.

Título Original: The Good Girl
Autor (a): Mary Kubica @MaryKubica
Publicação: Planeta de livros Brasil (Cortesia)
ISBN: 9788542206814 | Skoob
Gênero: Suspense
Ano: 2016
Páginas: 336
Minha avaliação: 4/5★
Mia, uma professora de arte de 25 anos, é filha do proeminente juiz James Dennett de Chicago. Quando ela resolve passar a noite com o desconhecido Colin Thatcher, após levar mais um bolo do seu namorado, uma sucessão de fatos transformam completamente sua vida. Colin, o homem que conhece num bar, a sequestra e a confina numa isolada cabana, em meio a uma gelada fazenda em Minnesota. Mas, curiosamente, não manda nenhum pedido de resgate à familia da garota. O obstinado detetive Gabe Hoffman é convocado para tocar as investigações sobre o paradeiro de Mia. Encontrá-la vira a sua obsessão e ele não mede esforços para isso. Quando a encontra, porém, a professora está em choque e não consegue se lembrar de nada, nem como foi parar no seu gélido cativeiro, nem porque foi sequestrada ou mesmo quem foi o mandante. Conseguirá ela recobrar a memória e denunciar o verdadeiro vilão desta história?
É muito difícil conseguir prever alguma coisa tendo como base apenas a sinopse de um thriller psicológico, se você tentar é quase certo que irá errar feio, eu pelo menos nunca acerto, sendo assim nem me esforcei muito para capturar algo que fizesse sentido nesse mini textinho. E agora que li o livro, posso afirmar que essa sinopse não descreve nem a pontinha do iceberg. Acredito que assim como aconteceu comigo, certos questionamentos estão rondando a sua cabeça, pra começo de conversa, o que levou Mia a inventar de passar a noite com um desconhecido? Levar mais um bolo do namorado apenas, não me pareceu uma justificativa plausível e pra você? Além disso, o que aconteceu durante o tal sequestro que deixou a garota em um estado de choque tão profundo a ponto de afetar sua memória? E qual foi o motivo do sequestro mesmo? Esses e inúmeros outros questionamentos são respondidos no decorrer da trama que leva o leitor para um lugar ermo no fundo de sua própria mente.

Mia Dennett sempre possuiu sonhos e ambições bem diferentes das de sua família, desde cedo contrariou o desejo do pai e seguiu o caminho oposto ao que o Juiz Dennett vinha traçando para ela, não, Mia não faria faculdade de direito e não seguiria os passos do pai autoritário que nunca lhe dedicou o amor de que precisava, ao invés disso ela decidiu ser professora de artes e ajudar jovens que buscavam profissionalizar-se, mas que não possuíam recursos para cursar uma universidade. Isso bastou para que ela ganhasse a desaprovação completa do pai, afinal era inadmissível para um homem tão poderoso e influente, ter uma de suas filhas dando aulas para jovens carentes ao invés de advogando nos grandes tribunais, mas o juiz ainda tinha Grace Dennett, sua filha mais velha e orgulho pleno, ao contrário da irmã, Grace fez tudo certo e tornou-se uma grande advogada cuja carreira segue em ascensão. No meio disso tudo está Eve Dennett, esposa e mãe, que não possui voz ativa dentro do seu próprio lar (se é que se pode chamar a casa dos Dennett de lar), submissa ao marido e quase sempre indiferente as filhas, Eve existe em uma vida sem cor e sem afeto. Essa é claramente a descrição de uma família esfacelada, certo? Mas o que não podemos ver e muito menos imaginar são as grandes surpresas que podem se esconder embaixo de alicerces tão abalados... Algo está prestes a desmoronar, mas já adianto que nem tudo será destruição.

Mary criou uma suspense cheio de possibilidades, juro que durante a leitura tracei incontáveis teorias para o desfecho, mesmo assim deixei de cogitar a mais óbvia de todas. Sério mesmo, quando virei a última página fiquei com aquela sensação incômoda de porque eu não pensei nisso? Talvez a razão para que eu tenha deixado passar uma linha de pensamento tão simples, seja a procura incessante pelo indecifrável, o que me levou a pensar em todas as vezes que complicamos uma situação tão insignificante, a ponto de não encontrarmos nenhuma saída ou talvez seja culpa da autora que me direcionou para teoria errada de propósito. E esse livro é assim, simples, não existe nada inimaginável por trás da história, nem reviravoltas mirabolantes capazes de dar um nó em nosso cérebro. Na verdade, a narrativa é tão estável e morosa que me obrigou a intercalar a leitura com outros livros, já que o ritmo desse não é tão frenético como imaginei.

A narrativa ocorre de forma intercalada, entre Eve, Colin (sequestrador) e Gabe (investigador), que por sua vez alterna entre e passado e presente. Tenho que admitir que esse detalhe me incomodou muito, mas muito mesmo no começo da leitura, cheguei a pensar que não conseguiria ler o livro, mas conforme os capítulos foram passando me vi presa nessa narrativa que de forma sutil me conquistou, no fim eu já estava tão habituada a essa oscilação de tempo que contava as páginas até o próximo (vai entender né?) Durante todo a história senti muita falta do ponto de vista de Mia, mas começava a me resignar com essa ausência quando de repente, , eis que surge um capítulo, assim do nada, narrado por Mia, e olha o negócio é punk. A autora deixou ao encargo de nossa protagonista a responsabilidade de nos mostrar qual foi a real de tudo, como já disse antes, não trata-se de algo inimaginável, e justamente por isso mexeu tanto comigo, como assim isso nem sequer passou pela minha cabeça? Acho que nunca vou me recuperar dessa frustração.  

Como já pôde perceber não vou falar muito mais a respeito da história em si, vou deixar que desfrute desse ar de mistério que envolve a trama e descubra por si só onde estão as peças que faltam no quebra cabeças (porque você vai ler, né?), apesar disso posso e quero deixar registrado o quanto fiquei satisfeita com os rumos que as coisas tomaram, com exceção de um ou outro detalhe (significativo, admito) que deu errado, não tenho do que reclamar. Ah! Além de tudo o que já falei até aqui, não posso deixar de destacar a evolução positiva de Eve, lembram que e falei de sua apatia no começo da resenha? Então, ela trabalha isso durante a história e é muito legal vê-la se levantando das cinzas, tal qual uma fênix (a comparação é clichê, mas vai por mim, se encaixa perfeitamente). 

A garota perfeita, é uma trama simplista que desperta as sensações mais inesperadas e contraditórias, conforme conhecemos as histórias e as cargas dos personagens, nos vemos reféns de uma afeição pegajosa que não nos abandona nem mesmo após o término da leitura. Isso mesmo que você leu, conforme conhecemos os dois lados da moeda se torna impossível não tornar-se solidária aos dramas vividos tão intensamente nessas páginas, seja uma mãe que vê sua filha desaparecer, um garotinho abandonado pelo pai que e que assumiu para si a responsabilidade de cuidar da mãe doente (quem será esse, hein?) ou uma garota ignorada e desprezada pelo pai... Essas e tantas outras são cargas distintas, mas que provocam a mesma dor e solidão, personagens quebrados e perdidos que após o sequestro de Mia Dennett viram o trem de suas vidas finalmente entrar nos trilhos ou descarrilhar completa e irreversivelmente. Considere tudo o que eu disse acima e se depois de ler essa resenha ainda querer muito ler esse livro, então leia e absorva tudo o que essa história tem a lhe apresentar.

8 comentários

  1. Eu não costumo ler muitos suspenses, mas gosto de sair da minha zona de conforto de vez em quando, pois me rendem boas leituras. Tenho lido algumas resenhas desse livro que estão me deixando bem interessada, a sua se juntou ao coro e ainda me trouxe muitos pontos pra considerar, tanto positivos: como a Evolução de Mia e os dramas que alguns personagens vivem e que devem enriquecer a trama; e também pontos preocupantes: como a alternância entre passado e presente, não curti muito os livros que li com esse recurso em evidência. Contudo, acho que tô mas curiosa que preocupada e vou dar uma chance a leitura assim que tiver a oportunidade ;)

    ResponderExcluir
  2. Olá. Cara, que resenha maravilhosa, você escreve tão bem! Eu amo triller psicológicos, já li dois deles que falam sobre sequestro e sempre me vi fascinada pelas descobertas que fazemos durante a leitura. A garota perfeita está na minha lista desde que soube do que se tratava. É estranho mas eu gosto de saber o que os personagens passaram, como que eles conseguiram sobreviver e etc. Simplesmente acho genial a criatividade e a realidade empregada aqui para com nós leitores.
    Beijo, Visite o Leitora Encantada

    ResponderExcluir
  3. Eu sou suspeita para falar porque sempre que aparece um thriller psicológico, eu quero ler independentemente de qualquer opinião, mas você escreve muito bem, Delmara, e agora quero ler mais ainda por causa disso rs. Eu acho que todo "bom" thriller que se preze, é composto por personagens quebrados, sofridos... É um clichê, até, eu acho. Mas funciona tão bem! Acho que esse é o caso de Garota Perfeita também. Quero ler mesmo esse livro! Espero ter uma brechinha para ele na meta deste ano!

    Bjs

    ResponderExcluir
  4. Oi!
    Estou com esse livro na minha lista já ha algum tempo, mas ainda não li. Adoro suspense, triller psicológico! Sua resenha perfeita, muito bem detalhada e explicada. Suas palavras me deixaram mais certe de que vou gostar muito da leitura. Espero ter a oportunidade de ler em breve. Obrigada pela dica. Beijos.

    ResponderExcluir
  5. Eu acho fantástica e só pela capa, eu leria o livro. Eu sou uma amante de thrillers psicológicos e esse vem me chamando atenção desde o lançamento! Achei muito legal os pontos diferentes e em como a autora soube trabalhar isso muito bem, alternando entre passado e presente. Imaginava que iria ficar confuso, mas deu muito certo! E sem falar que esses pontos de vistas alternados entre o sequestrador e o investigador dever ter dado um charme todo exclusivo à essa trama!

    ResponderExcluir
  6. Estou querendo ler o livro desde o lançamento, quando li uma resenha positiva e coloquei como desejado, mas desde então estou ''esquecendo'' dele, já que foi a primeira e única resenha dele que tinha lido. Sua resenha fez minha vontade retornar das cinzas rsrs As sinopses de um thriller psicológico sempre esconder algo que me deixam abismada, como a desse livro, fiquei querendo saber também o que levou a personagem a dormir com um desconhecido e mais sobre seu sequestro. Quero ler esse livro logo, pois o suspense parece que vai me arrebatar e me fazer termina-lo em poucos dias, e fico cada vez mais curiosa para conhecer o passado da protagonista.

    ResponderExcluir
  7. Não gosto muito de thrillers psicológicos, mas Quero muito ler esse ... só na espera do livro chegar <3

    Bjussss

    ResponderExcluir
  8. Estou a procura de livros que me tirem da lucura da faculdade e esse me parece muito muito interessante. Fiquei muito intrigada.

    Seu blog é incrível.
    Beijos,

    Amanda do http://barrados-nobaile.blogspot.com.br/

    ResponderExcluir